Banco Central eleva Selic para 14,75% ao Ano: entenda o impacto na economia brasileira

Gabriel Cunha

5/9/20253 min ler

Alta dos juros influencia o consumo, os investimentos e o controle da inflação — veja como essa decisão afeta o dia a dia dos brasileiros e o mercado nacional.

Em 7 de maio de 2025 (quarta-feira), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto percentual, fixando-a em 14,75% ao ano. Este é o maior patamar desde agosto de 2006, quando a taxa também atingiu esse nível. A medida marca a sexta elevação consecutiva da Selic, refletindo os esforços da autoridade monetária para conter a inflação persistente no país.

A Selic, sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela serve como referência para as demais taxas de juros praticadas no mercado, influenciando diretamente os custos de empréstimos, financiamentos e o rendimento de investimentos em renda fixa. Além disso, é utilizada nas negociações de títulos públicos e é uma ferramenta fundamental do Banco Central para controlar a inflação.

O aumento da Selic tem como principal objetivo conter a inflação, que se mantém acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, de 3% ao ano. Segundo o Banco Central, fatores como a resiliência do nível de atividade econômica, o mercado de trabalho aquecido, o aumento dos gastos públicos e o cenário internacional adverso têm contribuído para a elevação dos preços.

Ao elevar a taxa de juros, o Banco Central busca desestimular o consumo e os investimentos, reduzindo a demanda agregada e, consequentemente, a pressão sobre os preços. No entanto, o aumento da Selic também traz consequências para a economia real. Com o crédito mais caro, as famílias tendem a reduzir o consumo, e as empresas podem adiar ou cancelar investimentos, o que pode levar a uma desaceleração do crescimento econômico.

Setores que dependem fortemente de financiamento, como o varejo e a construção civil, são particularmente afetados. Além disso, o aumento da taxa de juros eleva o custo da dívida pública, comprometendo recursos que poderiam ser destinados a investimentos em áreas como saúde, educação e infraestrutura. O impacto do aumento da Selic é sentido de forma mais intensa em economias locais, como a de Maricá, no estado do Rio de Janeiro. Com o encarecimento do crédito, pequenos empresários enfrentam maiores dificuldades para obter financiamento, o que pode levar à redução da atividade econômica e ao aumento do desemprego.

As famílias, por sua vez, veem seu poder de compra reduzido, o que afeta o comércio local e os serviços. Além disso, o aumento da taxa de juros pode desestimular investimentos em projetos de infraestrutura e habitação, impactando negativamente o desenvolvimento regional. Apesar dos efeitos negativos no curto prazo, o Banco Central considera que o aumento da Selic é necessário para garantir a estabilidade da economia no médio e longo prazo.

A autoridade monetária sinalizou que futuras decisões dependerão da evolução dos indicadores econômicos. Alguns analistas acreditam que a taxa Selic possa atingir 15% caso a inflação não ceda, enquanto outros preveem uma estabilização ou até redução dos juros no segundo semestre, dependendo do comportamento da inflação e da política fiscal. Em resumo, o aumento da taxa Selic para 14,75% ao ano reflete os esforços do Banco Central para conter a inflação e preservar a estabilidade econômica do país.

Embora traga desafios para a economia real, especialmente em nível local, a medida é considerada necessária para criar as condições para um crescimento sustentável no futuro.

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